segunda-feira, janeiro 28, 2008

Inquietação

Este fim de semana, aproveitei o dia de sábado para me sentar à frente da Televisão, e vi de uma assentada dois filmes, tipo sessão dupla das 21h, a lembrar as saudosas sessões da meia noite do cinema Quarteto, na segunda metade da decada de 70..

O primeiro, um filme de 2007, com essa extraordinária actriz que é a Jodie Foster: The Brave One, um filme sobre a vingança, que coloca uma grande questão: O que fazer quando a justiça não funciona? Pode alguém armar-se em Juiz e fazer justiça?
Para mim, é óbvio que não, mas o filme levanta várias questões e deixa algumas duvidas no ar....

O segundo filme da sessão: "The Contender" ou, em português "O Jogo do Poder" é também muito interessante, trata no fundo de discriminação, neste caso, discriminação de uma mulher que quer a todo o custo manter a sua vida privada fora da sua vida política, mesmo que isso lhe custe o lugar de Vice-Presidente dos EUA... Mas vai um pouco mais além, mostra uma mulher de princípios, que se recusa a usar os mesmos argumentos e nem sequer se defende dos ataques, porque entende (com razão...) que está a ser discriminada, que se fosse homem essa questão nem se ponha... Põe igualmente a nu, o falso moralismo americano, em que "tudo é permitido" desde que não se saiba... No fim, claro que os "bons" triunfam, mas sai mal do retrato a Política ( e os políticos) norte-americana, pois fica no ar a ideia de que para atingirem os fins, qualquer meio serve... Será que por cá é a mesma coisa? Até tenho medo da resposta...

Foi assim um fim de semana que me pôs a pensar na Justiça e na Discriminação, seja ela racial, sexual, religiosa, etc.. e chego á conclusão, que em Portugal, muitos destes argumentos ainda são válidos...
A Justiça é lenta, e muitas vezes falha, leva-nos ao desespero, ao descrédito e felizmente por enquanto ainda não nos leva a fazer justiça "à revelia", pelas nossas próprias mãos, mas ou se arranja maneira de resolver este problema ou... não sei o que poderá acontecer...

E a Discriminação? Será que existe por cá? Bom, pode não ser muito evidente, mas que existe, existe... e há principalmente muita mulher que a sente... no salário, na maternidade, no emprego etc...

E a responsabilidade acaba por ser nossa que nos acomodamos no nosso bem estar, esquecendo um pouco o que nos rodeia, passeamos muitas vezes com indiferença pelo que se passa à nossa volta, assobiando para o ar enquanto outros sofrem na pele injustiças e discriminação...
O problema é que um dia, toca-nos a nós e que Deus nos acuda... mas como nessa altura Deus não deve ter mãos a medir, tantos são os problemas do mundo, então resta-nos o quê?
E porquê esta inquietação agora? Estou mesmo a ficar velho...

Tiber