segunda-feira, março 26, 2018

Começar de novo...

"E contar comigo
Vai valer a pena

ter amanhecido..."


Foram precisos pouco mais de dois anos e três meses, para que neste espaço se voltasse a ver algo de novo...
Passou a estar rodeado de mar, como uma ilha deve ser.. Porque eu não passo sem o mar, faz parte da minha assumida condição de ilhéu!
Só quem teve a graça ( e a desgraça...) de viver numa ilha, percebe a forma como o mar nos condiciona...
Desde sempre que me habituei a ouvi-lo... a cheirá-lo... a senti-lo... por isso, faz-me falta...
Olhar o mar, é sempre um recomeço, um começar de novo...
Por vezes tranquilo "parece azeite" como dizem por aqui...
Outras vezes mais agitado, com "ovelhinhas" a aflorar na crista das ondas...
Por fim, bravo, irritado,aterrador, parecendo querer de uma única vez cobrar todas as ofensas que lhe temos feito ao longo de sei lá quantos anos..
Por isso, neste recomeço, neste reencontro, não podia faltar o mar... ponto de todos os meus encontros e desencontros...


"Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!

Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu."

Fernando Pessoa, in "Mensagem"




Tiber
Março, 2018

terça-feira, dezembro 01, 2015

Renascimento ou restauração?

Neste dia 1 de Dezembro de 2015, quase quatro anos depois, volto a escrever aqui...
Não é um renascimento... é mais uma vontade de voltar a partilhar neste espaço alguns dos meus sentimentos...
Diria que mais do que um renascimento, é uma Restauração... Restauração de uma vontade, de um desejo, mais uma daquelas partidas que esta nossa estranha forma de vida nos prega...
Durante mais algum tempo voltarei a escrever neste espaço... Talvez menos regularmente, talvez ainda mais intimista, enfim, não sei..
Não será certamente pelo destino é mais pelo prazer que me dá este caminho!

Tiber


quarta-feira, fevereiro 16, 2011

Esperança na vida

Eles não sabem nem sonham
que o sonho comanda a vida
que sempre que um homem sonha
O mundo pula e avança
Como bola colorida
Entre as mãos de uma criança


In "Pedra Filosofal" de António Gedeão


O que acontece então, quando se deixa de sonhar?
Quando todos os nossos sonhos se foram esfumando e dispersando tipo bruma aos primeiros raios de Sol matinal?
Quando até perdemos a capacidade de sonhar?
Continuará a vida a fazer sentido quando se vive sem sonhos?
Vida sem esperança, sem sonhos, é uma mera grandeza estatística, contribui apenas para a chamada esperança de vida, mas não serve de nada a quem não tem mais esperança na vida!
E quanto mais o tempo passa a capacidade de sonhar torna-se uma recordação longínqua, deixamos de fazer planos, passamos a viver um dia atrás do outro, sem metas, sem objectivos, sem esperança...
No fundo, arrastamo-nos pela vida, à espera que a morte chegue...

Eu não quero viver assim... tranquilamente à espera... a contribuir apenas para a estatística...
Será que se consegue voltar a sonhar? Voltar a ter esperança na vida?

Tiber

segunda-feira, janeiro 31, 2011

Liberdade, felicidade, defeitos e feitios

Eu nunca me senti verdadeiramente Livre, fui (e sou) sempre uma espécie de prisioneiro dentro de mim, não consigo tomar decisões, sem pensar mais nos outros que em mim... E com isso nunca faço aquilo que verdadeiramente quero, acabo sempre refém das decisões dos outros..
E depois vem o remorso, a angustia do tempo perdido, de não ter feito aquilo que achava que devia ser feito, a solidão e o pior de tudo aquela sensação de ter passado ao lado da vida, sem nunca ter vivido verdadeiramente!
Estranha forma de vida, esta de ser feliz pela felicidade dos outros, sem nunca ser realmente feliz, de ser livre pela liberdade de outros, sem nunca ser verdadeiramente livre!

Mas agora, não há mais nada a fazer, já não é defeito... É feitio!!!!

segunda-feira, dezembro 13, 2010

O vaso do meu avô

Recordações do meu avô, tenho-as aos montes, algumas são mesmo lembranças reais, outras são mais difusas, e acrescidas do que quer minha mãe quer minhas tias me iam contando...
De entre elas, lembro-me do Vaso do meu avô:
-Meu avô tinha um daqueles vasos tipo Jarrão salvo erro em porcelana de Vista Alegre, lembro-me vagamente das cores, dos tons de azul...
Ora, eu, criança andava em casa de minha avó a saltar e a correr de um lado para o outro e era alvo de repetidos avisos do tipo "Ah! Rapaz tem cuidado não vires o vaso do teu avô, olha que que é de estimação...", e eu indiferente a esses meros pormenores lá continuava na minha "faina"... mas tantas vezes vai o cântaro à fonte... que um dia nem foi a asa, uma escorregadela, e pimba o vaso sem saber bem como ficou em pedaços... Depois de uma valente reprimenda da minha tia, lá veio a teoria "escondem-se os cacos, pode ser que o avô não dê por falta..." e assim foi feito..
Quando meu avô chegou a casa, eu como era habitual saltei-lhe para o colo, e logo lhe disse: "sabes, eu pati o jazo do vôvõ..." lá se foi o segredo que era coisa que eu não tinha jeito nenhum para guardar...
E só me lembro disto, como se fosse ontem: Meu avô quis ir ver os restos, depois olhou para mim e disse: Não te preocupes, o vaso está ali todo só perdeu foi a forma!
Lembro-me muito desta frase... muitas vezes, quando a nossa vida parece toda partida e virada do avesso, não é caso para desesperar... não perdemos a vida, só mudou foi de forma!
Haja é coragem para mudar a forma voluntariamente e não esperar que tudo se parta e faça em cacos antes...


domingo, novembro 28, 2010

O gato amarelo....

Há um mês atrás, apareceu aqui em casa um gatinho amarelo, veio de fininho, a miar e logo foi decidido que há-de ficar aqui enquanto quiser e se sentir bem....
Ate lá, é da família, com tudo a que tem direito....
Incluindo o nome: Tobias, de sua graça
E foi a propósito do Tobias, que me lembrei de Fernando Pessoa:

Gato que brincas na rua
Como se fosse na cama
Invejo a sorte que é tua
Porque nem sorte se chama

Bom servo das leis fatais
Que regem pedras e gentes
Que tens instintos gerais
E só sentes o que sentes

És feliz porque és assim
Todo o nada que
és é teu
Eu vejo-me e estou sem mim
Conheço-me e não sou eu.

sábado, novembro 27, 2010

Começar de Novo

Já estive várias vezes para encerrar definitivamente este espaço.. Por uma razão ou por outra, vou sempre adiando, adiando e depois lá vem o esquecimento que a idade não perdoa...
Hoje foi mais um desses dias.. mas acabei por dar a conhecê-lo a alguém que eu prezo... e gosto muito... E o resultado, foi um espaço de cara lavada outra vez, e o desejo de ir para aqui "postando" algumas coisas minhas, desabafos e histórias que fazem parte de mim e da minha vida...
E é nesta altura, em que somos cercados pela crise e atacados por todos os lados, que me vem a vontade de continuar por aqui...

Sim, porque a culpa é da vontade!


Tiber