quarta-feira, abril 25, 2007

As portas que Abril Abriu...

"Os madeirenses não podem renegar a Pátria, pela razão natural de não poderem negar a Raça. Madeirenses e Ingleses, Madeirenses e Americanos são elementos que se repelem.Não é só o facto do sangue que impede essa união fantasista, essa osmose repugnante de raças diferentes, mas uma civilização secular com raízes profundas na vida e na história.Autonomia quer dizer descentralização, ou melhor desconcentração política e administrativa.Isso significa que à luz da Bandeira de todos os Portugueses, se levantará a Bandeira particular dos madeirenses, com seu escudo e brasão de armas.
Não é um grito de revolta, mas simples petição de justiça. Adquirimos direitos, exigimos que os reconheçam e nos garantam o seu livre exercício.
Dar autonomia à Madeira é constitui-la em unidade política e administrativa, compatíveis com os direitos da soberania nacional. É reconhecer que a Madeira pela sua situação geográfica, pela qualidade e número das suas relações com o Mundo, pelos seus usos e costumesdo seu povo, pelo grau do seu desenvolvimento moral, intelectual, agrícola, industrial, comercial, adquiriu uma fisionomia própria e especiais interesses colectivos próprios, que a individualizam como Região e como agregado social."
Extracto do livro : "A conquista da Autonomia da madeira, de Rui Nepomuceno"
Estas palavras não são recentes, contrariamente ao que possa transparecer, foram ditas em Dezembro de 1922 pelo Dr.Pestana Reis durante as comemorações do Quinto Centenário da Descoberta da Madeira.
A ideia da Autonomia Madeirense, não é portanto, uma invenção recente nem propriedade de nenhum actual "iluminado"; a Madeira sempre teve um passado de luta e de resistência Anti-Fascista, que alguns parecem querer fazer desaparecer da História!
Muitos parecem esquecer que a Madeira foi uma das (poucas) regiões que em bloco se manifestou e enfrentou Salazar, tendo depois os seus habitantes pago por essa ousadia até muito depois de 1974...

E se esse poder um dia
o quiser roubar alguém
não fica na burguesia
volta à barriga da mãe.
Volta à barriga da terra
que em boa hora o pariu
agora ninguém mais cerra
as portas que Abril abriu.

Ary dos Santos (As portas que Abril Abriu)
Tiber