Graças a meu avô, habituei-me desde criança a ouvir ópera, musica clássica em velhos discos de 78 rpm, numa grafonola de corda e depois num móvel com gira-discos e rádio Telefunken, entretanto comprado a prestações como era habitual nessa altura e que segundo ele "custou os olhos da cara"...
Foi graças a meu avô que aprendi palavras como Tenor, barítono, soprano, ópera, opereta, etc...Foi ainda através dele e da música que ouvia, mas principalmente das histórias que me contava, sobre os compositores clássicos, sobre as óperas , que fui aprofundando e refinando o meu gosto nessa área...Aprendi a gostar de Beethoven, Tchaikovsky, Mozart, mas também de Turandot, Madame Butterfly, Carmen, Fígaro, etc...
E foi nessa altura que ouvi alguns dos grandes tenores da época Mario Lanza, e Enrico Caruso...
Meu avô, penso eu nunca ouviu Pavarotti, nunca teve a felicidade de ouvir aquela voz forte, cheia, potente e ao mesmo tempo melodiosa, tranquila, saida da alma, sem esforço, tão natural que dá a impressão de que qualquer um canta assim... resta-me a fé de que talvez um dia nos juntemos outra vez, aí sim a ouvir Lanza, Pavarotti, Callas....
Anos depois, já meu avô não estava (fisicamente) a meu lado , descobri Pavarotti... e, na primeira vez que o ouvi, lembrei-me das palavras que ele me dizia quando ouvia Maria Callas, Caruso ou Lanza: "Quem canta assim, não canta, encanta!."
Meu avô, penso eu nunca ouviu Pavarotti, nunca teve a felicidade de ouvir aquela voz forte, cheia, potente e ao mesmo tempo melodiosa, tranquila, saida da alma, sem esforço, tão natural que dá a impressão de que qualquer um canta assim... resta-me a fé de que talvez um dia nos juntemos outra vez, aí sim a ouvir Lanza, Pavarotti, Callas....
Que Luciano Pavarotti descanse em paz, mas que a sua voz não se cale nunca...
5 comentários:
caro Tiber
creio que o seu avô terá a oportunidade de ver e ouvir agora, onde quer que estejam,a brilhante voz de Luciano Pavarotti. Vozes assim não se calam...são eternas.beijos
Olá Tiber, há tempos que não o visitava ;) ... estive de férias, mas já voltei.
Vim aqui hoje, para o ler. Também me pôs um nó na garganta esta partida. Temos a "voz" em nossa casa, podemos ouvi-la sempre que nos apetecer, não é? Só o sorriso renovado em novas gravações de Pavarotti & Friends é que não. Esse fechou-se para sempre.
Beijo.
Chegou o tempo do encontro eles :-)
Ontem fui ao Porto a uma reunião da Casa dos Açores, fui mais cedo para passar pela FNAC para comprar o tal CD da Missa Tango, para oferecer ao meu velho, também ele me passou o gosto pela clássica, na nossa casa o rádio era ligado ao acordar na que é, agora, a antena 2 e só era desligado quando nos deitavamos, havia lá em casa velhos vinis da DG. O CD não havia, mas quando cheguei à zona ouvia-se a voz de Pavarotti. A emoção com que a ouvi foi diferente da de quando o ouvia "antes". Agora é um tesouro guardado com carinho na nossa memória. Como diz a Mikas, para ele já foi o Encontro. E como tu dizes um dia vamos juntar-nos numa grande festa.
Beijinho
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