Às vezes as coisas dentro de nós
O que nos chama para dentro de nós mesmos
é uma vaga de luz, um pavio, uma sombra incerta.
Qualquer coisa que nos muda a escala do olhar
e nos torna piedosos, como quem já tem fé.
Nós que tivemos a vagarosa alegria repartida
pelo movimento, pela forma, pelo nome,
voltamos ao zero irradiante, ao ver
o que foi grande, o que foi pequeno, aliás
o que não tem tamanho, mas está agora
engrandecido dentro do novo olhar.
Este poema foi publicado, salvo erro em 2002 como parte de "As fábulas" e foi escrito como uma breve Homenagem a Maria de Lurdes Pintassilgo, por Fioma Pais Brandão.
Fioma Pais Brandão, poetisa, tradutora, faleceu hoje aos 67 anos, em Lisboa.
Num curto espaço de menos de dois meses, partiram dois poetas : Mario Cesariny, e agora Fioma Pais Brandão e assim, vai a cultura viva deste país ficando cada dia mais pobre...
Não sei porquê, e apesar de ser um "lugar comum", ao ouvir a notícia da morte de Fioma, veio-me à memória, um poema de uma Brasileira:
Silvia Schmidt:
Quando um poeta se cala
Para sempre e deixa a vida,
Ouve-se a voz dolorida
De um verso levado à vala.
E uma poesia perdida
Vê-se na estrada, sem mala
Para guardar o que fala
E o que sente - sem guarida.
Quando um poeta nos deixa,
Fica uma brecha, uma queixa,
Resta um adeus sem acenos.
O mundo fica mais triste,
E o céu em dizer persiste
Que é Deus nos falando menos.
Tiber
5 comentários:
Bem vindo ao meu cantinho,e desde ja agradeco as tuas carinhosas palavras....
Um beijinho
Olá, Tiber.
Por acaso tenho esse poema. É fantástico. Mas o teu soneto, não lhe fica atrás. É um grande soneto. É, em minha opinião, espectacular.
Bom fim-de-semana.
Olá Tiber,
Tenho uma petição no meu canto. Assinas ?
Abraço
Happy Valentine's Day
:)
Kisses
"O mundo fica mais triste,
E o céu em dizer persiste
Que é Deus nos falando menos." Mas os grandes poetas nunca morrem!!!!
Fernanda Casaca
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